O Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (Ncap), a Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-vida) e a 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), em parceria com a Corregedoria-geral da Polícia Civil do DF (PCDF), deflagraram, na manhã desta quinta-feira, 26 de outubro, a Operação Caronte. Estão sendo cumpridos 12 mandados de prisão temporária e 14 mandados de busca e apreensão.
A ação tem o objetivo desarticular dois grupos criminosos que atuam no ramo de serviços funerários, como sepultamento, embalsamento, cremação, traslado de corpos, entre outros. Os suspeitos cobravam por atestados de óbitos e os encaminhavam para funerárias envolvidas no esquema. Segundo as investigações, os envolvidos captavam ilegalmente a frequência dos rádios da PCDF em busca de informações sobre mortes classificadas como aparentemente naturais e ligavam para os familiares após o receberem as informações interceptadas.
Os criminosos, geralmente, se passavam por servidores do Instituto Médico Legal (IML) e alegavam que existiria uma equipe que presta assistência funerária de plantão que se deslocaria para o local ou que a empresa funerária do seu grupo, que tinha vínculo com sindicatos das categorias profissionais da segurança pública, compareceria no endereço. Em certos casos, para compelir seus interlocutores a contratar os serviços funerários, os envolvidos afirmavam, de forma enganosa, que a vítima recém-falecida seria cortada ou aberta, caso tivesse de ser recolhida pelo IML, ou seja, se submeteria ao procedimento de necrópsia.
Caronte
Na mitologia grega, Caronte é o barqueiro do Hades, que carrega as almas dos recém-mortos sobre as águas dos rios Estige e Aqueronte, que dividiam o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Uma moeda para pagá-los pelo trajeto, geralmente um óbolo ou dânaca, era por vezes colocado dentro ou sobre a boca dos cadáveres, de acordo com a tradição funerária da Grécia Antiga. Segundo alguns autores, aqueles que não tinham condições de pagar a quantia ou os corpos não haviam sido enterrados, tinham de vagar pelas margens por cem anos.

Fonte: MPDFT e PCDF