Os desafios que as mulheres precisam enfrentar quando decidem entrar para a política começam antes mesmo de terem as candidaturas homologadas. É que os partidos não costumam destinar mais do que os 30% previstos pela lei na definição do número de vagas das pretensas candidatas.

Outra barreira é a desconfiança sobre a capacidade delas ocuparem os cargos historicamente destinados aos homens. E é aí que o famoso ‘pé atrás’ dá lugar ao preconceito e à discriminação.

Apesar dos espaços atualmente ocupados pelas mulheres na política, a situação precisa avançar ainda mais.

O ingresso da prefeita de Barra de Santana, Cacilda Andrade, na política foi marcado pela desconfiança de setores da população. Em 2016, ela foi escolhida para substituir a candidatura do esposo, o ex-prefeito da cidade, Manoel Andrade, que não pôde concorrer por ter tido a postulação impugnada pela Justiça eleitoral. Mesmo estreante, ela venceu o pleito com 51,35% dos votos.

Cacilda contou ao Portal Correio que as pessoas apostavam que ela não passaria de uma figura decorativa e a gestão seria comandada pelo esposo. A gestora revelou que recebe a ajuda do esposo, mas a última palavra é sempre dela. “No começo foi muito difícil, mas aos poucos, o povo entendeu nossa mensagem. Ele (o esposo) me ajuda muito nos bastidores, mas sempre digo que a prefeita sou eu”, disse.

A prefeita de Monteiro, Anna Lorena, também relatou ter sofrido episódios de preconceito pelo fato de ser uma mulher que atua na política. Ela disse que isso acontece diariamente, porque os homens têm a ideia que as mulheres são incapazes de gerir uma cidade, ocupar um cargo relevante.

Segundo Lorena, apesar de tudo a situação já está começando a mudar a partir do comportamento dessa nova geração. “Com o nosso empoderamento e comportamento temos superado isso, pois a mulher dentro da política tem feito toda a diferença”, afirmou.

Representatividade

Das 223 prefeituras, apenas 40 são comandadas por mulheres na Paraíba, o que corresponde a menos de 20% do total do estado.

Na Assembleia Legislativa, por exemplo, apenas cinco deputadas conseguiram eleger-se no pleito do ano passado. A Casa é formada por 36 membros. Na Câmara de João Pessoa, a situação não é muito diferente. Das 27 cadeiras, apenas três são ocupadas por mulheres eleitas em 2016. Atualmente, quatro parlamentares exercem o mandato porque a suplente Helena Holanda assumiu a vaga deixada por Durval Ferreira, que assumiu uma secretaria municipal.

Fonte: Portal Correio